quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A mecânica corporal na Enfermagem

As lesões músculo-esqueleticas relacionadas com o trabalho constituem um grave problema entre os enfermeiros pois a sua profissão tem-se revelado de maior risco devido à frequente mobilização de doentes quer no seu levante, quer na sua transferência, quer ainda no seu posicionamento na prestação de cuidados diários.

As lesões dorso-lombares e as lesões nos ombros constituem as principais preocupações, podendo ser ambas extremamente debilitantes. Também as que atingem os membros superiores, região escapular e pescoço se tornaram as mais novas epidemias dos últimos anos.

Decorrentes de uma origem ocupacional, elas podem ser ocasionadas, de forma combinada ou não, pelo uso repetido e forçado de grupos musculares e pela manutenção de postura inadequada.

Existem alguns factores que aumentam o risco de lesão aquando da mobilização dos utentes relacionados com a tarefa tais como a força, a repetição do movimento ou série de movimentos de forma contínua ou frequente ao longo do turno e as posições incorrectas, relacionados com o utente tais como o seu grau de colaboração, a sua estatura e peso, relacionados com o ambiente tais como o risco de escorregar, tropeçar e cair, as superfícies de trabalho desniveladas e as limitações de espaço e ainda outros factores de extrema importância como o facto de não haver ajuda disponível, a existência de equipamento inadequado bem como o vestuário e o calçado e ainda a falta de conhecimentos ou formação na área.

Neste contexto torna-se premente abordar esta temática a fim de sensibilizar os enfermeiros para esta área e transmitir-lhes conhecimentos que lhes permitam prestar cuidados de qualidade não colocando em risco a sua própria saúde a curto, médio ou a longo prazo pois “coluna vertebral só temos uma”.

A mecânica corporal é o esforço coordenado dos sistemas músculo-esqueléticos e nervoso para manter o equilíbrio adequado, postura e alinhamento corporal durante a inclinação, movimentação, levantamento de carga e execução das actividades diárias.

Entenda-se por equilíbrio, o estado de firmeza de posição que maximiza a função com o mínimo esforço e trabalho muscular; a postura é responsável pela determinação da distribuição do peso do corpo e a relação mútua entre músculos e articulações e o alinhamento corporal pode definir-se como a relação adequada de todas as partes do corpo entre si, em repouso ou em qualquer actividade. Há que lembrar também a presença do atrito/fricção resultado do efeito de roçar ou da resistência que um corpo encontra na superfície sobre o qual se movimenta e que deverá ser sempre eliminado ou reduzido.

Assim, pode perceber-se que quando o corpo não está estabilizado, o centro de gravidade fica deslocado contribuindo para a possibilidade de queda, esta a evitar. A estabilidade é conseguida quando há uma base de apoio alargada e o centro de gravidade está dentro desta base formando uma linha vertical; por outro lado, consegue-se aumentar o equilíbrio aproximando-se o centro de gravidade da base, ou seja, dobrando os joelhos e flexionando os quadris até estar agachado mantendo a coluna recta.

De seguida vamos enumerar alguns princípios orientadores para as intervenções de enfermagem:

♚ Manter um correcto alinhamento do corpo/postura;

♚ Planear os seus movimentos;

♚ O movimento tem que ser económico e estético;

♚ Ser realista quanto à capacidade para levantar determinado peso.

♚ Evitar levantar pesos do chão acima de 35% do seu peso;

♚ Se está a movimentar uma pessoa, avaliar a ajuda que ela pode dar;

♚ A estabilidade de um corpo é maior quando tem uma base longa e um centro de

gravidade baixo;

♚ Puxar ou deslizar requer menos esforço que levantar;

♚ Usar o sistema de alavanca para tornar a energia eficiente.

♚ Os ossos funcionarão como alavanca, as articulações como fulcro e os músculos

como força para mover a carga;

♚ O atrito entre o objecto e a superfície sobre o qual se move, aumenta o trabalho

necessário para movê-lo;

♚ Acompanhar a direcção do movimento, evita a rotação anormal da coluna;

♚ A mudança de actividade e de posição são importantes para conservar o

tónus muscular e a fadiga;

♚ Utilizar roupa cómoda que permita a liberdade de movimentos e calçado que não

escorregue;

♚ Dividir o peso pelos 4 membros, reduz o risco de lesões osteo-articulares do tronco;

♚ A força requerida para manter o equilíbrio de um corpo aumenta conforme a linha

de gravidade se afasta da base de apoio.

A imagem seguinte pretende resumir alguns dos principais aspectos relacionados com uma correcta higiene postural na transferência de utentes entre superfícies:



Fonte: Cantera,I., Domingo, P. (1996) – Guias práticos de enfermagem – Geriatria. Rio de Janeiro:Mcgraw-Hill


Bibliografia:
Cantera,I., Domingo, P. (1996) – Guias práticos de enfermagem – Geriatria. Rio de Janeiro:Mcgraw-Hill
Rebelo, F.(2004) – Ergonomia no dia a dia. Lisboa: Edições Sílabo
Retirado a 05 de Janeiro de 2009 do Website: http://osha.europa.eu/en/publications/e-facts/en_efact28.pdf

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns!

A figura está muito bem conseguida.

Anónimo disse...

Visão prazeroza neste blogue, post como aqui está dão motivação a quem analisar neste blogue :/
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Anónimo disse...

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